Capítulo 99
1703palavras
Eu fiquei imóvel enquanto Emy tentava retirar as amarras dela.
- O que houve? – perguntei a Samuel.
- Saberemos agora. – ele disse indo até lá.
- Como você está? – senti as mãos de Estevan sobre mim.
- Está tudo bem, Estevan. – tranquilizei-o.
Emy desamarrou Beatrice.
- Você está bem? – perguntou Samuel ajudando ela a levantar-se.
- Estou bem... Só ainda estou confusa por Stepjan ter me amarrado... Tentando entender...
- Vou pedir que algumas pessoas fechem a entrada principal e portões até que conversemos sobre o que está acontecendo.
- Mas precisamos achar Stepjan. – eu disse.
- Seu pai fugiu. – falou Emy furiosa.
- Como assim fugiu? Onde estão os guardas reais?
- Chamem Alexander. – pediu Beatrice.
- Como assim Alexander? – falou Samuel. – Ele está morto.
Estevan saiu e voltou depois de uns dez minutos com Alexander. Não foi só que eu achei ter visto uma assombração quando olhei para ele. Samuel e Sean ficaram da mesma forma.
- Mas... Você morreu. Eu mesmo dei a notícia a ela... Trazida por Mia. – falou Sam confuso.
- É uma longa história. Depois eu conto tudo. Mas agora não é tempo para discutirmos sobre Alexander. – falou Estevan.
- Agora você também ressuscita os mortos? Que porra de príncipe você é? Isto é extramente desleal. – reclamou Sam saindo furioso.
Estevan me olhou confuso com a atitude de Samuel. Beatrice abraçou Alexander:
- Você... Está bem?
- Obrigada por tudo. – ele disse dando um beijo no rosto dela.
Eu poderia apostar que havia algum afeto naquele casal. E do fundo do meu coração eu torcia para que Alexander pudesse se apaixonar por ela. Eu fiquei muito feliz por ele estar ali.
- Não foi muito justo você não ter sabido antes... – disse Sean no meu ouvido. – Sofreu tanto por ele... E ele estava vivo. E eu não sei se gosto de vê-lo em pé e respirando.
- Não me importo, Sean. Vê-lo bem compensa tudo.
- O que houve, afinal? – perguntou Samuel.
- Stepjan fugiu. Levou os guardas de confiança com o que tinha de valor... Inclusive todas as coroas.
- E os demais guardas? – perguntou Alexander.
- Dispensou-os assim que soube que vocês estavam vindo para cá.
- Por que ele a prendeu? – perguntei.
- Para que eu não pudesse contar sobre a fuga. Acho que ele desconfiou que o filho poderia não ser dele... E também que eu pudesse ser uma informante, afinal, ficamos só nós dois e uns poucos criados aqui, todos de confiança dele.
- Ele não tem como saber que o filho não é dele. – disse Emy. – Pode ser filho dele sim.
- O filho é meu. – disse Alexander.
- Não há como saber antes de fazer um teste de paternidade. – ela continuou.
- Não é preciso fazer teste. – eu disse olhando para Sean. – O filho é de Alexander.
Eles me olharam curiosos com minha afirmação. Sean balançou a cabeça, consentindo que eu dissesse a verdade. Aquela era a hora.
- Stepjan não pode ter filhos. – eu garanti.
- Como assim? – perguntou Beatrice.
- Mas você é filha dele. – disse Emy.
- Não, ela não é filha de Stepjan. Ela é minha filha. – confessou Sean.
- Isso... Não é possível. – disse Emy.
- É possível. Sou o pai de Satini. E posso provar, bem como fazer exame de DNA se quiserem ter certeza.
- Vai dizer que você também sabia disto? – perguntou Emy olhando para Samuel, que fez um gesto afirmativo com a cabeça.
Houve um longo silêncio, até que Beatrice afirmou, ainda confusa:
- Alexander... O filho é seu.
- Sim... Eu já sabia. Minha mãe havia me contado. – ele me olhou.
- Léia sabia? – perguntou Emy.
- Sim, ela ajudou minha mãe.
- Pauline perdeu 6 filhos, com abortos espontâneos. Léia me procurou dizendo que a rainha estava disposta a pagar para alguém engravidá-la, pois temia ter mais abortos e ser punida pelo rei. E Pauline descobriu que não era infértil, então o problema era mesmo com Stepjan. Eis que nos apaixonamos perdidamente. E ela teve Satini, seu primeiro filho que resistiu. Léia fez o possível para que Pauline tivesse o bebê longe de Avalon, para que pudesse ter sossego e ficar longe das garras do rei.
- Meu irmão é infértil? – Emy ficou pensativa. – O destino foi tão justo com ele... Stepjan Beaumont não poder ter filhos, nem filhas. Ele não poderia nunca ter gerado um herdeiro. – ela riu. – E além do mais foi traído dentro do seu próprio castelo? Diga-me que dormiu com Pauline na cama dele e eu lhe dou a coroa, Sean.
- Não, Emy... Isso não aconteceu. – falou Sean seriamente.
- Ouçam bem, todos vocês: eu darei a notícia ao meu irmão. Todos estão proibidos de dizer a ele a verdade. Ele fugiu, mas não pode ir longe. Iremos encontrá-lo. Duvido que ele tenha auxílio de qualquer pessoa depois de tudo que aconteceu. A cara dele está estampada em todas as televisões do mundo. E quando ele for encontrado, eu lhe direi que ele não tem nenhum filho... Que é impotente... Pensando melhor, vou mandar fazer uma coroa de chifres para colocar nele enquanto estiver atrás das grades. Em ouro maciço.
- Ela não está brincando. – disse Sam. – Ela é capaz de fazer isso.
- Me desculpe por mentir, Emy. – falei. – Sinto muito não ser sua sobrinha.
- Tudo bem, querida. Você nos ajudou muito. E sua intenção por Avalon foi sincera e leal, desde sempre. E você não ser filha dele é a maior segredo do mundo... E que eu que vou contar. Ele criou a filha do guarda com a própria esposa... Justo Stepjan, o homem que se achava mais homem que todos os outros.
Eu poderia me ofender de alguma forma com o jeito que ela falava de minha mãe e meu pai. Mas eu sabia exatamente o que Emy sentia naquele momento: vitoriosa, satisfeita e feliz. Foi como eu me senti quando soube.
Samuel e Estevan chamaram alguns homens para vasculharem o castelo e conferir se estava tudo sob controle e seguro. Em pouco tempo o castelo de Avalon estava tomado, mas de forma ordeira.
Emy começou a falar com sua cúpula, que eram os homens que a ajudavam efetivamente nos planejamentos da invasão. Sam foi com ela.
Alexander e Beatrice conversavam sem parar. Eu imaginava que eles tinham muito a dizer um ao outro. Meu pai acabou subindo para auxiliar, pois conhecia todos os lugares do castelo.
- O que faremos agora? – perguntei a Estevan.
Ele me abraçou:
- Agora iremos para Alpemburg, meu amor. E finalmente você será a minha esposa.
- Embora eu queira isso mais do que qualquer coisa, tenho um pouco de medo.
- Do que, Satini?
- De não ser aceita pela sua família... Principalmente pelo seu pai.
- Isso não vai acontecer. E mesmo que aconteça, daremos um jeito.
- Eu fui rejeitada por 17 anos... – falei tristemente. – Não quero que isso aconteça novamente.
Ele levantou meu rosto e me fez encará-lo:
- Não há rejeição contra você, nem nunca haverá. Alpemburg amará a rainha Satini. Será que você não entende que usar a coroa sempre foi o seu destino?
Eu sorri timidamente. Talvez ele tivesse razão.
- Estevan, eu preciso resolver algumas coisas antes.
- Conversar com Alexander, Mia e Léia.
Eu ri:
- Agora você lê pensamentos?
- Por que acha que eu fiz o que fiz por Alexander?
- Eu... Não sei.
- Acha que eu simpatizei com ele depois de tudo que ele fez no baile para impedir nosso encontro às escondidas?
- Não... Não acho. – lembrei do quanto Alexander havia colocado empecilhos.
- Eu fiz isso por você. Sabia o quanto você se culparia pela morte dele. E eu quero você livre de tudo que a liga a Avalon, Satini. Sairemos quando tudo que você precisar resolver aqui esteja resolvido.
- Nunca vou poder agradecê-lo por tudo que fez por mim.
- Acho que pode. – ele sorriu.
Eu o abracei:
- Se é da forma que estou pensando, faço questão de pagar com juros.
- E eu vou cobrar tudo...
Se o momento era ideal? Não. Mas depois de tudo que passamos, eu só queria beijá-lo. Então o fiz. Sem medo, sentindo como se só houvesse nós dois ali. O beijo foi doce, tranquilo e leve. Diferente das vezes que ele parecia querer me engolir com seus lábios. E eu, particularmente, gostava de qualquer beijo que ele tinha para me dar. Mas parecia que a nossa urgência em nos tocarmos, tirarmos nossas roupas como se tivéssemos tão pouco tempo, não existia mais. Havíamos transposto as barreiras. Éramos um do outro e nada mais poderia impedir isso.
- Você irá comigo para o Hotel onde estou hospedado. – ele disse.
- Quem sou eu para contestar? Posso ir a qualquer lugar, contanto que você esteja comigo, Estevan.
- Mas se preferir ficar no castelo... Não me oporei. No entanto ficarei também.
- Precisamos ver o que acontecerá... Há muitas coisas para serem feitas.
- Por onde você vai começar?
- Por Alexander. – falei olhando para ele conversando com Beatrice.
- Vai atrapalhar a conversa dos dois?
- Vou... Ele me deve algumas explicações.
- Eu vou mandar meus soldados descansarem. Estão há um tempo sem comer e dormir. E não acho prudente mandá-los embora, pois ainda não sabemos se está tudo certo por aqui. Vou providenciar para que se alimentem e fiquem confortáveis durante a noite.
- Tem razão. Poderia alocá-los nos alojamentos dos guardas de Avalon.
- Seria muito bom se pudesse. Poderia me mostrar onde fica?
Vi Sean descendo e expliquei a ele sobre minha ideia. Sean então foi mostrar a Estevan e os soldados onde ficava o local onde passariam a noite.